15 novembro 2013

O PÉ DIABÉTICO

Nem todas as pessoas com diabetes desenvolvem problemas nos pés. Muitas vezes os problemas sérios podem ser prevenidos estando bem esclarecidos do que pode acontecer e de que forma se devem tratar os pés. Quando isso não acontece a probabilidade de virem a desenvolver o chamado Pé Diabético aumenta consideravelmente. Para isso, penso ser de extrema importância, não só falar da Diabetes mas também do que esta pode casuar.

O Pé Diabético é uma complicação recorrente da diabetes e constitui um problema de saúde pública importante. É uma complicação que surge numa fase tardia da doença, normalmente após 10 a 15 anos após do seu aparecimento, sendo mais comum a partir dos 60 anos.
Como dá para perceber no esquema acima apresentado, a neuropatia (lesão a nível dos nervos), a arteriopatia (lesão a nível dos vasos sanguíneos) e a limitação da mobilidade articular são os principais mecanismos que levam ao aparecimento desta complicação. Estes podem culminar numa infecção localizada no pé e consequentemente podem mesmo levar à amputação de parte ou da totalidade do pé. 




Neuropatia
A neuropatia aumenta com a idade e tempo de doença tendo maior incidência em diabéticos tipo 2, onde surge mais rapidamente e de forma mais intensiva. A maior parte dos pés neuropáticos graves e com evolução rápida surge em grupos de pessoas provenientes de camadas sociais com menores recursos, quer económicos quer culturais, e habitualmente com um histórico de mau controlo glicémico.

O pé neuropático apresenta-se mais quente que o habitual, com sensação de pulso normal, bem vascularizado (boa circulação sanguínea), seco, com zonas hiperqueratósicas (calosidades) ou gretas. As úlceras localizam-se preferencialmente na planta do pé.

Arteriopatia
Esta alteração existe por obstrução nos vasos sanguíneos o que provoca alterações na irrigação sanguínea do pé. A responsável por este problema é a arterioesclerose. Esta, tal como em pacientes não diabéticos, resulta de hipertensão, alterações dos níveis de colesterol e hábitos tabágicos. No entanto em diabéticos a incidência da arterioesclerose é de 4 a 7 vezes maior.

Quando afecta os vasos maiores chama-se de macroangiopatia, mas se afectar os vasos menores chama-se de microangiopatia. A macroangiopatia é a principal causa da maior parte dos problemas clínicos.

O pé isquémico apresenta-se frio, pálido e doloroso. Fica facilmente cianótico (coloração azul arroxeado) com a perna inclinada para baixo ou empalidece quando está mais elevada. A pele é fina e brilhante. As úlceras localizam-se geralmente no dorso e pontas dos dedos, nas proeminências ósseas e ao redor do tendão. São geralmente muito dolorosas.

Limitação da mobilidade articular
Esta alteração resulta de uma rigidez das estruturas articulares e da pele, o que leva a uma alteração da biomecânica do pé verificando-se alterações do caminhar. O resultado desta alteração provoca o aparecimento de úlceras em zonas de maior pressão e fricção. 

Para se diagnosticar um pé diabético é necessário que a pessoa com diabetes preencha alguns dos seguintes critérios:
  • Idade avançada;
  • Diabetes de longa duração;
  • Sinais clínicos de presença de neuropatia e/ou arteriopatia;
  • Sinais clínicos de presença de alterações ao nível dos rins e visão;
  • Sinais clínicos de hipertensão arterial;
  • Antecedentes de úlceras ou alguma lesão no pé;
  • Maus hábitos de higiene e contexto sociocultural desfavorável.

Para detectar problemas a nível dos pés de um diabético são necessário realizar alguns exames, nomeadamente:
  • Inspecção do pé:
    • Visualização de lesões no dorso e planta do pé e espaços entre os dedos – feridas, maceração, micoses, e calosidades;
    • Visualização das unhas – micoses, unha encravada, unha mais engrossada;
    • Presença de deformidades ósseas – dedos em garra, por exemplo;
    • Visualização da alteração da coloração da pele;
    • Presença de calor localizado;
  • Avaliação do grau de neuropatia e/ou arteriopatia: 
    • Teste de sensibilidade táctil (com algodão);
    • Teste de sensibilidade térmica (com tubos com água quente e fria);
    • Teste de sensibilidade dolorosa (com um objecto bicudo);
    • Utilização de monofilamentos de nylon 5,07 (10 g/cm2)
    • Teste de sensibilidade vibratória (com diapasão);
    • Teste da palpação dos pulsos (dorso do pé e atrás do maléolo da tíbia).
    • Teste com doppler;
    • Entre outros.

Um diabético não tem um pé de risco se aquando das consultas periódicas todos os testes realizados estiverem com resultados bons e portanto será necessário apenas fazer uma reavaliação anual. Por outro lado, possui um pé de risco se aquando da realização dos testes houver um ou mais pontos no qual se verifica alguma alteração. Este poderá evitar o surgimento de uma úlcera se adoptar medidas preventivas; mas caso já exista uma úlcera no mesmo então deverá fazer os tratamentos necessário atendendo ao tipo, extensão, gravidade da úlcera presente.

As medidas preventivas que todos os diabéticos devem tomar, em especial quem já tiver o PÉ DIABÉTICO, são:
  • Manter os níveis da diabetes dentro dos valores normais, fazendo correctamente a medicação necessária;
  • Manter um estilo de vida saudável praticando exercício físico e ter atenção ao que come e em que quantidade o faz;
  • Controlar os factores de risco, nomeadamente, não fumar, cuidar da saúde em geral (colesterol elevado, hipertensão arterial); 
  • Observar diariamente os pés, recorrendo a ajuda de terceiros ou de um espelho no caso de haver dificuldade em fazê-lo sozinho;
  • Lavar diariamente os pés usando um sabão neutro e água tépida, nunca os deixando de “molho”. Secar muito bem o espaço entre os dedos sem friccionar e aplicar um creme hidratante específico para pés diabéticos;
  • Cortar as unhas de forma recta e/ou lima-las com lima de cartão, pedindo ajuda se necessário;
  • Nunca usar calicidas ou outros produtos similares ou cortantes para remover as calosidades;
  • Não aquecer os pés com botijas de água quente, nem os aproximar de fontes de calor;
  • Usar meias em lã ou algodão, de preferência de cores claras, sem costuras e elásticos;
  • Nunca andar descalço e evitar os sapatos muito abertos uma vez que não protegem contra as “topadas”;
  • Usar sapatos confortáveis, adaptados ao pé, para que não haja zonas de fricção ou pressão excessiva;
  • Antes de calçar o sapato verificar a existência de “corpos estranhos” que possam causar uma ferida no pé;  
  • Procurar apoio podológico periodicamente.

Onde entra a Podologia nos cuidados com o Pé Diabético?

Todos os podologistas, durante uma consulta com um diabético, fazem vários exames específicos, como os acima referidos. No caso de existirem úlceras procede-se ao tratamento atendendo às características da úlcera presente, sua localização, etc. No entanto, para além de todos os testes e tratamentos realizados faz-se também uma avaliação de extrema importância, baseada na avaliação prévia do paciente, e que tem como principal objectivo equilibrar e/ou descarregar todas as pressões exercidas pelo pé do diabético (muitas vezes por deformações ósseas) de forma a evitar e/ou tratar uma úlcera que poderá surgir ou eventualmente já esteja presente. 


Esta avaliação biomecânica é muito específica e faz-se recorrendo ao estudo, com o paciente sentado e deitado, de todo o membro inferior (com maior foco no pé) e também recorrendo a alguns aparelhos que, com o paciente em pé ou a caminhar, se avalia como o pé se comporta nunca esquecendo que este está interligado com o corpo e que portanto é não menos importante estudar.


E assim termino esta entrada com uma explicação longa mas ainda assim sucinta do PÉ DIABÉTICO!
Espero que tenham gostado e que vos seja útil para tirar alguma dúvida. Mas lembrem-se, nenhum texto nem nenhuma imagem substituem um profissional de saúde e muito menos uma consulta em equipa multidisciplinar. Por isso já sabem, cuidem de vocês!!

Procurem ajuda com profissionais qualificados SEMPRE!

A vossa podologista,
Joana Silva.

14 novembro 2013

A DIABETES

A Diabetes é uma doença na qual o corpo não é capaz de processar o açúcar (glicose) ingerido de forma correcta. Isto acontece porque o corpo não produz uma hormona em quantidade suficiente para processar a glicose ou então, porque é incapaz de usar essa mesma hormona eficazmente. Esta hormona chama-se INSULINA - hormona produzida no pâncreas que permite a entrada de glicose nas células para esta ser depois transformada em energia. 

Tipos de Diabetes
Existem dois tipos de diabetes – a diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2. O primeiro é mais frequente em pessoas mais novas, já o segundo surge normalmente a partir da idade adulta. No caso da diabetes tipo 1, o corpo não produz insulina. Já na diabetes tipo 2 (tipo mais comum da diabetes) o corpo não usa de forma eficiente a insulina produzida. Com a falta de produção de insulina ou a não eficiência da mesma no organismo, a glicose (açúcar ingerido através dos alimentos) acumula-se no sangue.

Com o passar do tempo, este excesso de açúcar no sangue causa problemas, quer ao nível dos rins, dos olhos (a visão), dos nervos e da circulação sanguínea. Pode também causar problemas cardíacos, enfartes e até a remoção de parte ou da totalidade de um membro. As grávidas também podem desenvolver diabetes, dando-se o nome de diabetes gestacional.

Existe também uma condição a que se dá o nome de pré-diabetes que se traduz pela quantidade anormal de açúcar no sangue mas que, ainda assim, não é alta o suficiente para que seja diagnosticada a diabetes. Esta condição aumenta muito a probabilidade de uma pessoa desenvolver diabetes tipo 2. Neste caso, podem-se tomar precauções que adiem o surgimento da diabetes tipo 2 mantendo um estilo de vida saudável, praticando exercício regularmente, ter especial atenção aos hábitos alimentares e controlando o peso.

Sintomas
Os sintomas da doença variam de pessoa para pessoa e dependendo do tipo de diabetes presente. Em fases inicias da doença os sintomas passam muitas vezes despercebidos, no entanto a doença vai evoluindo, silenciosamente, podendo já estar a causar problemas a nível dos olhos, rins e sistema cardiovascular. Os sintomas mais comuns são:
Diabetes tipo 1:
  • Fome Excessiva;
  • Sede excessiva;
  • Vontade de urinar frequente;
  • Perda de peso repentino;
  • Fadiga;
  • Nervosismo;
  • Mudanças de humor;
  • Naúses e vómitos;
Diabetes tipo 2
  • Infecções frequentes;
  • Alteração da visão (visão embassada);
  • Dificuldade de cicatrização de feridas;
  • Sensação de formigueiro nos pés.
Apesar desta diferenciação, aqui feita, não quer dizer que alguns dos sintomas apresentados não possam ser sentidos em ambas.

Tratamento
Não existe tratamento para a Diabetes pois trata-se de uma doença crónica. No entanto, dependendo do tipo de diabetes existem medicamentos e atitudes que se podem tomar de forma a controlar a doença e manter assim uma vida normal.

Todos os diabéticos tipo 1 necessitam de fazer injecções de insulina, dadas pelos próprios. Já os diabéticos tipo 2 fazem medicação oral (comprimidos) podendo algumas pessoas precisarem de fazer insulina também.
Para além da medicação específica ao tipo de diabetes, outras medidas podem ser adoptadas por cada pessoa com a doença:
  • Exercício físico regular;
  • Cuidados com a alimentação;
  • Manter o peso controlado e dentro do que é considerado adequado atendendo à idade, peso e altura
  • Fazer correctamente a medicação necessária (quer para a diabetes, quer para outras doenças que eventualmente estejam presentes como, por exemplo, colesterol alto e hipertensão)

Porque é que é importante diagnosticar e tratar a diabetes?
Como já referido acima (nunca é demais relembrar), a diabetes não tratada ou descuidada leva a um aumento do açúcar no sangue o que pode conduzir a:

  • Alterações ao nível dos olhos causando cegueira;
  • Falha renal;
  • Ataques cardíacos;
  • Alterações ao nível dos nervos e vasos sanguíneos que pode levar ao surgimento de feridas/úlceras que causam amputação dos dedos ou mesmo do pé;
  • Entre outros problemas.
Quanto mais tempo o organismo se mantiver com os níveis de açúcar elevados dentro dos vasos sanguíneos, maior o risco de se desenvolverem todos estes problemas. Mantendo-se os níveis de açúcar sempre controlados minimiza-se o surgimento destes problemas, podendo mesmo chegar a evitar que eles surjam.

Controle a diabetes, não deixe que ela o controle a si!!
Lembre-se cuide sempre de si para garantir uma boa qualidade de vida.

A sua podologista,
Joana Silva

10 novembro 2013

Previna-se!

Se é Diabético tenha em atenção os seus pés, pois são o suporte do seu corpo e portanto merecem um "olhar" especial. Eles são dos primeiros a sofrer com as consequências que a diabetes provoca no corpo das pessoas. Lembre-se:

"Uns pés saudáveis são um passo para uma boa qualidade de vida"




A sua podologista,

 Joana Silva


01 novembro 2013

MICOSES DA PELE

Micose na pele ou Dermatomicose é uma infecção da pele, e seus anexos (unhas e cabelo), provocada principalmente por dermatófitos. Estes produzem infecções chamadas de dermatofitoses, micoses ou “tinea” (no caso, tinea do pé). Os dermatófitos fungos que se desenvolvem apenas em tecidos queratinizados (queratina é a substância que constitui a camada mais superficial da pele).


A tinea do pé é uma das dermatomicoses com maior prevalência e incidência tendo uma estreita relação com o excesso de transpiração e o constante uso de calçado fechado. Esta infecção fúngica pode surgir com um aspecto esbranquiçado, macerado, com descamação e fissuras na zona entre os dedos.

As dermatomicoses são contagiosas e normalmente esse contágio é feito em locais como, balneários públicos, piscinas, entre outros locais onde haja contacto dos pés com superfícies húmidas.

De forma a evitar o contagioso e evolução da doença devem-se ter alguns cuidados, nomeadamente:
  • Lavar diariamente os pés, secando muito bem, em especial na zona entre os dedos (sem friccionar);
  • Trocar de meias diariamente;
  • Alternar de calçado diariamente, deixando-os sempre a arejar de um dia para o outro;
  • Não ande descalço em zonas húmidas, como as laterais das piscinas (onde existem águas paradas);
  • Usar cremes hidratantes e anti-transpirantes (se houver excesso de transpiração);
  • Não usar objectos pessoais de outras pessoas (tesouras, limas, meias, sapatos, etc.)...
         
Tratamento:

O tratamento vai depender do tipo de micose que estiver presente, os sintomas, a localização e a extensão da mesma. Antes de fazer qualquer tratamento por vezes há a necessidade de fazer uma exame laboratorial para que seja possível ter uma noção de que tipo de dermatomicose está presente na pele. 

Evite usar produtos/medicamentos que outras pessoas já usaram, pois nem sempre são os mais indicados.

Os tratamentos de eleição normalmente são cremes, loções, pós e em certos casos pode ser necessário medicação oral (comprimidos).

Esteja sempre atento aos seus pés!
Procure SEMPRE ajuda de profissionais qualificados!

      A vossa amiga e podologista,

      Joana Silva